Como
ficou a Apple sem Steve Jobs
![](http://info.abril.com.br/images/materias/2012/10/tim-20121005000325.jpg)
As semelhanças entre os
dois executivos vão muito além do sucesso à frente da Apple. Assim
como Jobs, Cook teve um encontro com a morte, em 1996, quando foi
diagnosticado de forma equivocada com esclerose múltipla, uma
experiência que o teria abalado profundamente. Após o erro, Cook se
tornou obcecado com sua saúde. Passou a comer bem, malhar na
academia e começou a praticar ciclismo de longa distância na
estrada. Assim como Jobs, é um workaholic. Trabalha longas jornadas
e frequentemente faz reuniões logo cedo ou conferências telefônicas
tarde da noite, especialmente quando trabalha com fornecedores da
Apple no exterior.
Pé atrás Apesar do bom
desempenho à frente da Apple, muita gente ainda olha para o trabalho
de Cook com alguma desconfiança. O motivo? Os problemas que a Apple
enfrenta em algumas áreas consideradas vitais. Um dos grandes
problemas é rápido o domínio do Google do mercado de smartphones.
A Apple impulsionou a revolução dos smartphones e manteve a
liderança pelo pioneirismo. Mas, no ano passado, viu o Android,
sistema operacional do Google, ultrapassar o iOS como plataforma mais
usada em smartphones. Quando Jobs morreu, em outubro de 2011, o
Android e iOS disputavam o mercado cabeça a cabeça, com
respectivamente 47% e 43% de acordo com a empresa de pesquisa de
mercado NPD. Menos de um ano depois, o Android já respondia por
impressionantes 68% do mercado de smartphones. A Apple caiu para
tímidos 17%, segundo a IDC.
Outro problema preocupante tem sido a debandada de
talentos. Em março de 2011, Bertrand Serlet, ex-vice-presidente
sênior de engenharia de software, anunciou sua demissão. Ele não
explicou os motivos da sua saída, mas, de acordo com o site Business
Insider, ele fundou uma startup de cloud computing. Serlet foi
responsável por várias versões do sistema operacional Mac OS X e
sua partida foi vista como um duro golpe para a empresa. Ele foi
seguido por Bob Mansfield, vice-presidente sênior de engenharia de
hardware da Apple, que se aposentou em junho de 2012, depois de 13
anos na companhia. Mansfield era muito querido e respeitado e sua
partida foi vista como um sinal de problemas.
Apesar de algumas
partidas, o núcleo da diretoria executiva da Apple continua intacto.
A equipe montada por Jobs, que inclui nomes como o designer chefe
Jonathan Ive, o chefe mundial de marketing Phil Schiller e o
responsável pelo iOS Scott Forstall. Mas não para por aí. Jobs
passou grande parte dos últimos cinco anos da sua vida montando um
programa para transmitir o DNA do que faz a Apple e seus produtos
incríveis para toda uma nova geração de executivos. “Ainda
existe aquela pressão maluca, com ou sem o Jobs”, disse outro
funcionário que prefere não revelar o nome. “Mas tem um monte de
coisa legal por vir.” Um ano depois da morte de Jobs, a pergunta
que as pessoas se fazem agora é: qual é o limite para a Apple?
A faceta mais humana de
Cook é visível também no dia a dia da empresa. Os funcionários da
Apple gostam do novo presidente porque ele tem sido mais comunicativo
que Jobs. Cook envia memorandos e responde às críticas
publicamente, como no episódio das fábricas de fornecedores na
China. Ele faz questão de responder aos e-mails de funcionários e
clientes.
Na hora do almoço, costuma se sentar com empregados
aleatórios no refeitório da empresa. É o oposto de Jobs, que era
tido como assustador e distante. Graças a suas raízes no Alabama,
Cook é impecavelmente polido. Ele nunca levanta a voz. Sua
autoridade é silenciosa.
Ele tem um enorme respeito e lealdade de seus colegas e dos
concorrentes também. Seus funcionários dizem que ele dá instruções
claras e simples e recompensa as pessoas com elogios ou presentes
quando elas fazem um bom trabalho. “Todo mundo o ama”, disse um
funcionário que pediu para não ser identificado. “Não tem nada
negativo a falar sobre ele.”
Carreira meteórica - O bom desempenho de
Cook não é surpresa para quem acompanhou de perto sua trajetória
na Apple. O atual presidente assumiu o cargo efetivamente em 24 de
agosto de 2011, depois que Jobs anunciou sua renúncia num email para
os funcionários da empresa. Era o ponto mais alto de uma carreira
que teve início em março de 1998, quando Cook saiu da Compaq para
assumir como vice-presidente sênior de operações.
Sua missão? Dar um jeito nas dispersas operações de fabricação
dos Macs, que estavam em ruínas da época. Graças ao bom trabalho,
Cook teve uma ascensão meteórica na Apple. Apenas dois anos após a
sua chegada ele foi apontado por Jobs para o comando da força de
vendas e da operação de atendimento ao cliente. Em 2002, virou
chefe mundial de vendas. Mais dois anos e ele foi escolhido para
liderar a divisão Macintosh da empresa e, em 2005, foi nomeado chief
operating officer, supervisionando as vendas e operações mundiais,
além da divisão Macintosh. Em menos de 10 anos Cook tornou-se o
executivo mais bem pago da Apple.
Com tantas
responsabilidades, na prática ele já vinha tocando a Apple há
vários anos, permitindo que Jobs se concentrasse no desenvolvimento
de novos produtos e questões estratégicas, como fazer acordos com
as gravadoras e estúdios de cinema. “Tim já vem comandando a
Apple há um bom tempo", disse Michael Janes, ex-colega de Cook,
ao site Wired.com. "Steve é a cara da empresa e era muito
envolvido com o desenvolvimento de produtos, mas Tim é a pessoa que
pega esses projetos e os transforma em uma grande pilha de dinheiro.”
Quando Steve Jobs perdeu
a longa batalha contra o câncer, em outubro de 2011, a pergunta mais
frequente entre analistas do mercado, executivos da concorrência,
funcionários da empresa e, principalmente, a legião de fãs da
marca era: qual será o destino da Apple sem seu cofundador e grande
líder. Quase um ano depois, a resposta não poderia ser melhor.
Produtos como iPhone, iPad e Macbook continuam vendendo como água, o
valor de mercado da empresa não para de crescer e o clima nos
corredores da sede em Cupertino, nos Estados Unidos, está muito mais
leve.
É bem verdade que Cook não é nenhum Jobs. Mas basta uma rápida
passada pelos números para ver que a Apple encontra-se hoje numa
situação muito melhor do que há um ano. O preço das ações tem
subido vertiginosamente sob o comando de Cook. Oscilando em torno de
621 dólares por ação, o valor de mercado da empresa aumentou em
mais de 230 bilhões de dólares.
Com uma capitalização
de mercado de cerca de 580 bilhões de dólares em meados de agosto,
a Apple é, de longe, a empresa mais valiosa do mundo. É duas vezes
maior que a sua antiga rival Microsoft e 100 bilhões de dólares
maior do que a multinacional do petróleo Exxon Mobil. O
reconhecimento do mercado está ancorado no bom desempenho da Apple.
No ano em que Cook assumiu o comando, a empresa lançou novos
produtos, como o iPhone 4S, o novo iPad e os MacBooks com as telas de
alta resolução. A recepção não poderia ser melhor Em 12 meses
foram vendidos mais de 134 milhões de iPhones e 45 milhões de
iPads. O resultado? Lucros recordes e uma montanha de 117 bilhões de
dólares no caixa da empresa.
Fonte: http://info.abril.com.br/noticias/mercado/como-ficou-a-apple-sem-steve-jobs-05102012-0.shl?3
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